Novembro é o mês destinado à conscientização e prevenção do câncer de próstata. Este que é a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino e a neoplasia sólida mais comum.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), cerca de 25% dos pacientes com câncer de próstata ainda morrem devido à doença. Atualmente, cerca de 20% ainda são diagnosticados em estágios já avançados, o que indica que exames preventivos ainda não são frequentes como deveriam.
Ainda segundo o INCA, estão estimados 65.840 casos novos de câncer de próstata para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens, constituindo o tipo de câncer mais incidente nos homens (excetuando-se o câncer de pele não melanoma) em todas as regiões do país.
Esse alto índice, apesar dos avanços terapêuticos, também está ligado ao preconceito e fake news que a campanha tem enfrentado. Sempre oriento que a prevenção deve começar desde cedo na vida do homem, incentivando-o a procurar e criar um vínculo com seu urologista de forma a construir uma relação de confiança. Dessa forma, ano após ano exames pertinentes à faixa etária são feitos, bem como orientações preventivas.
Ao atingir a idade preconizada pelas recomendações, o rastreamento do câncer de próstata acabará ocorrendo de forma mais natural e o paciente se sentirá mais seguro quanto a realização tanto do exame de sangue quanto do exame de toque. Essas ações podem diminuir a incidência de diagnósticos em estágio avançado, o que aumenta as chances de cura do tumor. Desde de 2018 há uma campanha nacional promovida pela SBU – Sociedade Brasileira de Urologia – intitulada Vem pro Uro (#vemprouro) que procura conscientizar a procura pelo urologista desde cedo, como já culturalmente ocorre com as mulheres.
Desta forma, instruções a respeito dos fatores de risco modificáveis podem ser feitas, minimizando as chances da doença no futuro. Ainda há muito tabu sobre a realização, principalmente, do exame de toque retal. Mas a boa notícia é que isso tem melhorado bastante.
No dia a dia de consultório, era muito comum homens irem “arrastados” pelas esposas ou filhas para realizar o exame. Hoje, a procura voluntária é muito maior. Isso mostra que a campanha de conscientização tem feito seu papel ao longo dos anos e que a conscientização e combate ao preconceito tem surtido efeito.
Mas além do receio do homem em procurar um médico, temos outros obstáculos a enfrentar. Por ser um assunto muito presente na mídia e pela frequência dos casos, acabam surgindo estratégias de prevenção que não tem respaldo científico, as fake news.
É importante deixar claro que nenhuma medida de forma pontual ou exclusiva irá combater o câncer de próstata. Bem como os demais cânceres em outros órgãos, esse tipo de tumor envolve múltiplos mecanismos e deriva dos mais diversos fatores de risco. É importante buscar informações em fontes confiáveis como sites de instituições da área da saúde.
Notícias difundidas sem uma fonte de informação confiável devem ser questionadas com o médico do paciente. E para prevenção do câncer, ainda é preciso que o indivíduo observe desde cedo seus hábitos: ter uma alimentação saudável, praticar atividade física com regularidade, evitar o tabagismo, valorizar uma boa noite de sono.
Enfim, podem parecer medidas simples e um clichê dos profissionais da saúde, mas são esses hábitos do dia-a-dia que, a longo prazo, fazem uma enorme diferença e tem comprovação científica de eficácia. A prevenção se constrói desde cedo na vida, cultivando bons hábitos.
O aumento da expectativa de vida que estamos tendo nos últimos anos pode manter os números de acometidos pelo câncer em destaque. Mas respeitando-se as orientações e as estratégias de detecção precoce, acredito que possamos melhorar muito ainda as taxas de mortalidade pela doença bem como o número de casos diagnosticados em estágios mais avançados.
Outro ponto a ser observado nos casos de câncer de próstata é o histórico de familiares com a doença, pois é um fator de risco bem estabelecido. Pacientes com um familiar de primeiro grau com a doença tem duas vezes mais risco de tê-la, quando existem dois parentes envolvidos, este risco sobe para cerca de 6 vezes. No entanto, a minoria dos casos é de origem exclusivamente hereditária.
Com o relacionamento entre médico e paciente bastante consolidado, informações científicas corretas e estratégias de prevenção em dia, o tratamento é beneficiado aumentando as chances de cura. O Hospital São Francisco de Mogi Guaçu acredita que a multidisciplinaridade é fundamental no cuidado destes pacientes, contando com diversos profissionais da saúde no acompanhamento do protocolo de tratamento com serviços de oncologia e radioterapia.
Concluindo, acredito que a atenção e as informações corretas sobre a prevenção e o tratamento da doença sejam as formas mais eficazes de um diagnóstico precoce. A conversa franca com o médico urologista ou de qualquer outra especialidade é fundamental para a saúde de todos.
O Novembro Azul lembra-nos de tomar cuidado, mas o câncer acomete pacientes todos os meses do ano.
*Doutor Bruno Vedovato é urologista do Hospital São Francisco de Mogi Guaçu e possui título de especialista em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia.