Prefeitura investiga Casos de LEISHMANIOSE VISCERAL canina
A Secretaria Municipal de Saúde desencadeou uma grande mobilização para investigar a ocorrência de leishmaniose visceral em Mogi Guaçu depois que três cães foram diagnosticados com a doença no Município.
Os animais foram atendidos em clínicas veterinárias particulares entre o final de janeiro e início de fevereiro. Uma veterinária suspeitou da doença, que é de notificação compulsória e foi confirmada através de uma série de exames específicos.
Dois dos animais, um do Parque Cidade Nova e o outro do Jardim Guaçuano, na zona Norte, foram sacrificados através de eutanásia. O terceiro, da Rua Princesa Isabel, na Vila Ricci, zona Sul, está em tratamento.
Outros dois cães suspeitos de estarem infectados morreram antes de completados os exames protocolares do Ministério da Saúde, mas um ainda teve laudo negativo para leishmaniose visceral.
Em face dos diagnósticos, a Secretaria de Saúde acionou a SUCEN (Superintendência do Controle de Endemias), o Instituto Adolfo Lutz e o Grupo de Vigilância Epidemiológica da DRS (Diretoria Regional de Saúde) de São João da Boa Vista.
A investigação será conduzida pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), com a SUCEN (Superintendência do Controle de Endemias), o Instituto Adolfo Lutz e participação de veterinários e voluntários da proteção aos animais.
A situação e os procedimentos foram explanados para a imprensa em entrevista coletiva concedida pela secretária de Saúde, Clara Alice Franco de Almeida Carvalho, e a coordenadora do CCZ, Silvana Munhoz Bueno, na tarde desta quarta-feira, dia 10.
Pela manhã, elas se reuniram com 12 veterinários de clínicas particulares de Mogi Guaçu e todos se prontificaram a colaborar como voluntários. Outros três que não estavam presentes na reunião também devem participar.
A ação contará com a participação também de estudantes de Veterinária de Espírito Santo do Pinhal e de Enfermagem da Faculdade Municipal “Professor Franco Montoro”.
O trabalho de investigação começa na próxima quarta-feira, dia 17, pelo Jardim Guaçuano. Serão coletadas amostras de sangue de 100 cães, que serão cadastrados, em cada um dos três bairros em que foram confirmados os casos.
Os moradores receberão folhetos e filipetas com orientações sobre a leishmaniose. A SUCEN instalará armadilhas para tentar capturar o flebótomo, conhecido como mosquito palha, que transmite o protozoário Leishmania chagasi, causador da doença.
A leishmaniose visceral canina não tem cura, embora exista tratamento. Uma vez infectado, o cão torna-se reservatório da doença e pode ser fonte de infecção para outros animais ou seres humanos que vivem ao seu redor.
O animal doente pode melhorar e a doença pode ser controlada, mas o cão continua sendo portador do protozoário e, por isso, o dono deve aplicar repelente ou usar uma coleira especial, a Scalibor, no animal para manter o mosquito palha afastado dele.
Existe uma vacina, mas ela não é 100% eficaz. Por outro lado, o tratamento, somado ao uso constante de repelentes ou da coleira, que custa em torno de R$ 60,00 e deve ser trocada a cada seis meses, chega a custar entre R$ 2 mil e R$ 3 mil por ano.
Como nem todos os donos dispõe de recursos financeiros para arcar com essa despesa, a eutanásia ainda é prática recomendada como alívio ao sofrimento do animal.
Embora a leishmaniose visceral possa ser assintomática, o cão pode apresentar feridas na pele e na região da boca, olhos e focinho, sangramento nasal, emagrecimento e, em estágio mais avançado, crescimento anormal das unhas.
PROCEDÊNCIA
As autoridades ainda não têm certeza de onde os três cães foram infectados, uma vez que a SUCEN não detectou a presença do flebótomo no território de Mogi Guaçu com armadilhas que já vêm sendo instaladas como prevenção.
Isso porque a zona rural de Mogi Guaçu faz divisa com a zona rural de Espírito Santo do Pinhal, município que tem casos confirmados e é considerado área endêmica e de transmissão, assim como regiões de Minas Gerais, como Contagem e Belo Horizonte.
A leishmaniose visceral canina foi detectada na região oeste do Estado de São Paulo em 2000 e, desde 10 anos atrás, em Espírito Santo do Pinhal, que conta faculdade de medicina veterinária no monitoramento.
TEGUMENTAR
Mogi Guaçu é endêmica em outro tipo de leishmaniose, a tegumentar, ou cutânea, também conhecida como “Úlcera de Bauru”, desde a década de 1950, mas é uma doença que tem cura.
A leishmaniose tegumentar é uma doença silvestre, que acomete o ser humano e provoca úlceras na pele e na mucosa das vias aéreas superiores. Não há registro de ocorrência de casos na área urbana de Mogi Guaçu.
A Secretaria de Saúde começou a estudar novos casos em 1979 e em 1980 a SUCEN já dispunha de uma tabela de controle. Os principais locais com diagnósticos frequentes são a Cachoeira de Cima e proximidades do Rio Mogi Guaçu no Distrito de Martinho Prado Júnior.